Aceleramos o Lexus LS 460 na Califórnia

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Ele tem Earth, Maps, Chrome, Translate...O que pega é a falta do aplicativo Notoriety

 Com uma ideia fixa na cabeça e US$ 460 no bolso, Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes da Universidade de Stanford, criaram em 1996 um site de busca que prometia mudar sua maneira de lidar com a internet. De um quarto de 15 m2 nas dependências da faculdade nascia o Google, resultado da tese de doutorado da dupla com óculos fundo de garrafa. Atualmente, a GooglePlex, o complexo de edifícios que moldam a sede da empresa, ocupa uma área equivalente a 12 campos de futebol no sudoeste do Vale do Silício, na Califórnia – um conglomerado de cidades que formam uma espécie de rede social da criatividade e da inovação. Larry e Sergey, são, respectivamente, o 24º e o 27º homens mais ricos do mundo, usam lente de contato e sua antiga tese fatura mais de US$ 30 bilhões por ano. Hoje, você não vive sem o Google. Em pesquisa na net, ele é a referência.

O sujeito acima também. Não o reconhece? Não se sinta mal. Lexus é tão raro no Brasil quanto Wi-Fi de graça. Enquanto os americanos eram apresentados aos computadores 486 (se você não se lembra ou não sabe o que é isso, dá um google), a Lexus exibia seu primeiro produto: o LS400, seis anos após a criação da divisão de luxo da Toyota, em 1983. Na virada da década, os japoneses já ultrapassariam a BMW e a Mercedes em vendas nos EUA. Nos últimos 14 anos, em 12 eles conquistaram índice máximo de qualidade. Hoje, o rico americano não vive sem Lexus. Em qualidade de construção, ele é, para muitos, a referência.


  E se tem um modelo que mais bem representa essa obsessão pela excelência, esse Lexus é o LS460 (cujas iniciais significam Luxury Sedan com motor 4.6), o topo da linha da marca, que briga diretamente com Mercedes Classe S, BMW Série 7 e Audi A8. Couro de vaca belga, ruído de biblioteca sueca e acabamento com esmero suíço são itens de série nesses carros. Aqui, o básico é complexo, meu amigo. E, para se diferenciar, tem que ir além. Está vendo essa poltrona reclinada? Pois bem, ela é um desses itens “além” do LS. Sob o couro claro se esconde um engenhoso sistema de engrenagens que possibilitam que você tenha à disposição 12 tipos diferentes de massagens. O volante é outro exemplo do foco nos detalhes. Revestido com camada fina de madeira Shimamoku (uma espécie encontrada apenas nas florestas do norte do Japão), a peça, feita à mão, leva 37 dias para ser produzida em um processo de 68 etapas. Para você ter ideia, o volante do Corolla fica pronto em oito dias. Ele é mais bonito e ergonômico que o volante de um Classe S ou Série 7? Claro que não! Mas essa história pode lhe ser útil na hora em que você responder ao seu amigo por que assinou um cheque de R$ 590 mil e levou um LS para casa.


A diversão só cresce

O velocímetro marca 80 km/h. À minha frente uma sequência de curvas, duas para direita e uma para esquerda. A primeira, bem fechada, se aproxima rapidamente no ponto exato de eu reduzir duas marchas com a mão direita. O giro sobe, o motor berra, mas não escuto nada. O silêncio a bordo é enlouquecedor. Encaro a curva; o LS insinua sair de traseira. Fica só na tentativa. Contorno a curva e encaro o ziguezague que risca a serra que separa o Vale do Silício das praias do Pacífico. A diversão só cresce. Após 15 minutos nesse ritmo, paro no acostamento. Saio do carro e o cheiro de pastilha de freio queimada toma conta do lugar. O Lexus me fez abrir um sorriso. E, na boa, eu não esperava que um sedã de quase duas toneladas e com proposta de conforto fosse capaz de produzir esse tipo de reação.

A receita da diversão do LS está em boa parte na tração traseira e na eficiência do motor V8 4.6 de 347 cv, além da transmissão sequencial de oito marchas – aliás, ele foi o primeiro carro a contar com essa quantidade de marchas, em 2006. Há quatro modos de regulagem de direção – Eco, Comfort, Sport e Sport+ – opte pela última, que enrijece o ajuste de suspensão e direção, além de mudar as respostas do câmbio, e escolha sua serra favorita. Mas que fique claro: mesmo na opção mais nervosa, o LS não se aproxima da sensação de mal-encarado de um Série 7 ou de um A8. Fazem falta as aletas atrás do volante (disponível apenas na versão Sport, que não vem ao Brasil) e de maior peso na direção. Ou seja, o LS é uma fera, mas que foi domesticada. No modo Eco, e em 8ª marcha, o V8 trabalha a mansos 1.500 giros a 120 km/h.

Aproveito o ritmo mais calmo para apreciar a qualidade de construção da cabine. No centro do painel, a tela de cristal líquido, que tem dimensões próximas às de um iPad, pode ser dividida em três telas e o sistema de controle, uma espécie de iDrive da BMW nível 2.0, é feita por meio de um “mouse” supersensível ao toque. Não há nada melhor na concorrência. Como o Google. O LS460 tem todos os aplicativos desejados pelo consumidor de luxo. Mas falta um. E de especial importância ao brasileiro – a notoriedade. Transformar a Lexus em marca de desejo será um desafio tremendo para os japoneses no Brasil. E a resposta para isso você (ainda) não encontra em nenhum site de busca.


 


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